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Transtorno Afetivo Bipolar - Dra. Marília Alencar Marinho

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Transtorno Afetivo Bipolar ou Transtorno Bipolar de Humor (TAB ou TBH)

 

Nos tempos remotos, era conhecido como Transtorno maníaco-depressivo ou Psicose maníaco-depressiva.

Caracteriza-se por episódios de instabilidade do humor, compreendendo períodos de mania e de normalidade, intercalados, por vezes, a períodos depressivos.

Episódio maníaco ou mania define-se por período distinto de humor alterado, persistentemente elevado, expansivo ou irritável, associado a uma série de outros sintomas como auto-estima inflada, redução da necessidade do sono, loquacidade exagerada, aceleração do pensamento, distraibilidade, hiperatividade, exacerbação da sexualidade ou incapacidade de controlar os impulsos.

Episódios depressivos são caracterizados por sintomas emocionais (tristeza acentuada, perda de interesse, sentimentos de culpa, ideação suicida, irritabilidade); sintomas físicos (falta de energia, alteração do apetite, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, alteração da psicomotricidade, dores) e sintomas funcionais (perda da produtividade, lentidão, menor interação social, prejuízo do potencial interpessoal e isolamento).

Podem existir vários tipos de Transtorno Afetivo Bipolar: Transtorno afetivo bipolar I (Mania + Depressão maior), Transtorno afetivo bipolar II (Hipomania + Depressão Maior), Transtorno afetivo bipolar III (Hipomania ou mania induzida por tratamento somático), Ciclotimia (numerosos períodos de depressão e elação leves, iniciando, geralmente, no início da vida adulta e se tornando crônica), Distimia (depressão crônica de humor, que não preenche os critérios para episódio ou transtorno depressivo ou depressão maior), Transtorno do espectro bipolar ou Transtorno afetivo bipolar subliminar (hipomanias recorrentes, sem a presença da depressão ou sintomas recorrentes de humor, insuficientes de serem classificados como hipomania).

Prevalência:

TAB I – 1%

TAB II – 1,1%

TAB subliminar ou espectro bipolar – 2,4%.

Idade de início: o primeiro episódio tende a aparecer na faixa dos 20 anos de idade, mas algumas vezes pode se iniciar ainda na adolescência. Em alguns casos, pode surgir na quinta década de vida (41 a 50 anos de idade).

Entre os transtornos psiquiátricos, o TAB é o que mostra maiores evidências da influência genética na causa da doença. Ou seja, se há parentes biológicos de primeiro grau (pai, mãe, irmão), o índice de chance de ter a doença chega a 24%.

Não há diferenças entre homens e mulheres, nem entre raças ou etnias para a possibilidade de ter a doença.

Porém, nos homens são mais frequentes os episódios maníacos e nas mulheres, os episódios depressivos.

Não se faz diagnóstico de TAB por achados laboratoriais.

Alguns diagnósticos diferenciais devem ser feitos, como disfunções tireoidianas (hipo ou hipertireoidismo).

O uso de álcool e outras substâncias também pode estar associado ao TAB, ocasionando o início precoce do transtorno, bem como maior número de internações psiquiátricas e curso mais grave da doença.

Só o médico psiquiatra pode determinar o melhor tratamento para esta patologia, já que existem diversos medicamentos que tratam esse transtorno e devem ser avaliados riscos-benefícios, possíveis efeitos colaterais, interações medicamentosas, dentre outros fatores.

No período de eutimia ou normalidade do humor (entre-crise) é importante que o paciente associe o tratamento médico ao tratamento psicoterápico, que vai auxiliar a pessoa em suas questões pessoais, afetivas, familiares, sociais, evitando novas crises, desde que mantido o tratamento biológico ou medicamentoso.

REFERÊNCIA: Manual de Psiquiatria – UNIFESP – 2011; CID 10; DSM-IV.

Autor

Dra Marilia Rodrigues Cavalcanti de Alencar Marinho

Dra Marilia Rodrigues Cavalcanti de Alencar Marinho

Psiquiatra

Especialização em Medicina de Família e Comunidade no(a) universidade federal de alagoas.