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Algumas considerações sobre dependência química

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Algumas Considerações Sobre Dependência Química

Dra. Marília Alencar Marinho

 

Definição: Estado psíquico e físico resultante da interação entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações do comportamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos, e algumas vezes, de evitar o desconforto da privação, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo o DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais – Texto Revisado), a dependência química é um padrão mal-adaptativo do uso de substâncias, levando a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, caracterizado pela presença de três ou mais dos seguintes critérios a seguir por um período mínimo de um ano:

- Tolerância (necessidade de quantidades maiores da substância para obtenção do mesmo efeito esperado);

- Abstinência (Síndrome com sinais e sintomas típicos de cada substância, aliviados com o consumo de tal substância);

- Consumo da substância por um período mais prolongado e em maiores quantidades;

- Desejo persistente do uso da substância, com incapacidade de controlar esse desejo do uso;

- Maior tempo gasto em atividades para se conseguir a substância;

- Redução do círculo social em função do uso da substância;

- Persistência do uso da substância apesar dos seus prejuízos clínicos.

 

 

**EPIDEMIOLOGIA/ DROGAS MAIS USADAS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA:

 

1. ÁLCOOL;

2. TABACO (CIGARRO COMUM);

3. MACONHA;

4. SOLVENTES;

5. BENZODIAZEPÍNICOS (MEDICAMENTOS COMO DIAZEPAM E CLONAZEPAM);

6. ESTIMULANTES;

7. COCAÍNA;

8. OPIÁCEOS;

9. ALUCINÓGENOS;

10. CRACK;

11. HEROÍNA;

12. ESTERÓIDES ANABOLIZANTES (TESTOSTERONA, POTENAY).

 

**ETIOLOGIA: Variável. Dependente do meio-ambiente, da substância utilizada que causa a dependência, do indivíduo que utiliza a substância. Neste último item, influencia também fatores genéticos, fatores biológicos (Tais substâncias agem sobre os corpos celulares de neurônios dopaminérgicos da área tegmental ventral, que lançam projeções para áreas límbicas – núcleo accumbens, amígdala e hipocampo – via mesolímbica e também lançam projeções para o córtex pré-frontal – via mesocortical) e fatores psicodinâmicos.

 

 

 ** AVALIAÇÃO CLÍNICA:

- Motivações do uso,

- Quantidade utilizada,

- Padrão de uso,

- Aspectos circunstanciais do uso,

- Efeitos obtidos,

- Sentimento pós-uso.

 

Entre os diversos padrões de consumo, existem o uso experimental (poucas vezes ao longo da vida), uso recreacional ou ocasional (consumo frequente da substância sem ocorrer prejuízo devido ao uso), uso nocivo ou abusivo (prejuízo concreto físico ou mental decorrente do uso ou paciente se expõe a riscos, em decorrência do uso) e dependência química propriamente dita (de acordo com os critérios do DSM-IV já citados).

** TRATAMENTO MÉDICO:

- ANAMNESE DETALHADA E EXAME FÍSICO/PSÍQUICO;

- HISTÓRIA DE TRATAMENTOS PSIQUIÁTRICOS PRÉVIOS E SEUS RESULTADOS;

- AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES FAMILIARES E SOCIAIS;

- SCREENING TOXICOLÓGICO LABORATORIAL (Não há laboratórios em Maceió que realizem o exame, mas pode ser colhido aqui e enviado para outro Estado para avaliar resultado);

- OUTROS EXAMES LABORATORIAIS (AVALIAR COMORBIDADES CLÍNICAS);

- CONTATO COM TERCEIROS (COM AUTORIZAÇÃO DO PACIENTE) PARA INFORMAÇÕES ADICIONAIS;

- MANEJO PSIQUIÁTRICO: MOTIVAÇÃO, SEGURANÇA E SETTING TERAPÊUTICO ADEQUADO, MANEJO DA INTOXICAÇÃO E DA ABSTINÊNCIA, PSICOEDUCAÇÃO, TRATAMENTO DAS COMORBIDADES, INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS, INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS, POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS.

FONTE: DSM-IV, Manual de Psiquiatria da UNIFESP, Kaplan.

Autor

Dra Marilia Rodrigues Cavalcanti de Alencar Marinho

Dra Marilia Rodrigues Cavalcanti de Alencar Marinho

Psiquiatra

Especialização em Medicina de Família e Comunidade no(a) universidade federal de alagoas.